Abaixo, um texto diretamente para todos os atores! Nós do "Com Licença,Obrigado" vamos precisar muito desse texto em Dezembro. (Cleiton) :)
"Não há pequenos papéis; só pequenos atores." - Constantin Stanislavski
O Ator que é "grande" sabe qual o verdadeiro motivo de estar no palco, ele valoriza o seu papel. Ele sabe que o real sentido não é aparecer e o papel que ele possui é único, com sua função , motivo e graça..
Fazendo uma auto-análise percebi que por muitas vezes não soube valorizar o papel que eu tinha no palco.
Compreendi isso quando vi uma folha de papel,daquelas que a gente arranca do caderno para escrever. Pensei: “Esse papel é grande e cabe um monte de coisas”. E depois eu vi outro, um papel menor, como os de blocos de anotações. É um espaço bem menor que uma folha de caderno no entanto dá pra escrever algumas linhas.
Agora imagine tudo aquilo que está guardado dentro de mim, olho para esse papel grande onde posso escrever meus sentimentos, planos e sonhos. O papel é grande por isso não me importo com o que escrever. Sei que ali caberá tudo!
Entretanto no papel pequeno, para que caiba todo o meu sentimento e tudo que há de precioso dentro de mim, é necessário que eu aperte, escreva com letras pequenas para que caiba tudo na folha.
O “Papel Pequeno” que recebia no teatro nunca servia porque eu pensava: - Nunca vai caber as coisas que eu quero escrever! Eu preciso de um papel maior.
Porém quando tinha o “Grande Papel” não sabia valorizar o espaço. Não aproveitava toda a extensão dele.
Eu escrevia, escrevia e logo me cansava só em ver que ainda faltava muitas linhas para serem preenchidas.
Foi então que eu compreendi que o problema nunca está no tamanho do papel. Porque ele é apenas um instrumento. Cabe ao ator transmitir a verdadeira essência, cabe a atriz expressar
o que está guardado na alma. Cabe a nós, e não ao papel, exalar o amor.
Amor esse que não pode parar. Que é perpétuo!
Esse amor muitas vezes ficou em mim estagnado porque olhava para a pequenez de um papel e achava impossível transmitir tudo ali!
Ou muitas vezes esse amor parou porque logo a frente havia uma cruz, e imaginava quantas linhas ainda precisaria escrever.
Papel?
De que vale o papel sem o ator?
De que vale o papel se não tiver o esforço?
De que vale o papel se não houver amor?
Não importa a grandiosidade do papel, vale a essência que existe dentro de nós.
Luciana Flor